quinta-feira, 17 de junho de 2010

Angola FashionWeek 2010

Ontem fui ao Angola FashionWeek 2010, no Cine Atlântico. É… foram aquelas coisas de sempre, muita gente bonita, muita gente achando-se bonita, outro tanto de gente fingindo (e mal) que é bonita. Enfim, tinha de tudo e de todos um pouco. É sempre bom sair da nossa costumeira lenga-lenga quotidiana e embarcar nessas expedições alienadas que a profissão nos oferece.
Pois bem, fui lá. Fiquei até ao fim, por isso posso tecer alguns comentários:
1. - os modelos masculinos estão muito melhores em termos de desfile que os femininos. Eu não entendo nada de nada de moda, mas GENTE!?!?! Muito sem noção, como diriam lá pelas terras do Lula. Essas moças precisavam de treinar mais, ver mais canais de moda, alguma coisa assim.
2. - Pela primeira vez na vida eu vi gente magra com gordura localizada. Mas quando eu digo “gente magra” eu quero dizer: esquelética! Como é possível que a menina, só pele e osso ainda consiga ter gordurinhas nas costas!!! Numa palavra: estranho!
3. - Celulites! Montes delas…
4. - A ideia da Casa Paris de colocar modelos com asas a desfilar roupa interior, obviamente foi baseada nos desfiles da Victoria’s Secret. Até aí muito bem, podia ser Benchmarking . Mas só se considera Benchmarking quando há melhorias no projecto e isso, não houve. A iniciativa foi boa, mas a mão-de-obra para executa-la foi péssima, pelo menos do lado feminino. Eu sei que parece implicância, mas é a pura verdade, elas não estavam preparadas para um evento desta natureza, não estavam….

Mas é como se diz, o que conta é a intenção, e a intenção aí foi óptima.

sábado, 5 de junho de 2010

You don’t have to run away

Dos problemas que parecem enormes
Das cobranças, dos medos ou desconfiança
Não tem que estar tudo nos conformes
Nem todo o mundo serve para usar aliança

Diz-me que não queres mais ficar
Que acabou o tesão, a paixão, a ilusão
Não sei entender que não saibas amar
Mas vou receber de volta o meu coração

Não precisas de correr nem de te esconderes
Enquanto me envolvias na tua teia do amor
Fingi que te dava sobre mim todos os poderes
Mas fiquei com alguns, como o de fugir da dor

Recuso-me a sofrer quando já estás noutra
Deixo-te ir sem magoas nem ressentimentos
A vontade de te amar está longe de ser pouca
Mas ainda te expulsarei dos meus pensamentos

Não tens que correr porque ainda não sabes
Se te vou por de lado nessa minha nova fase
Não sei ainda dizer se a tua amizade cabe
Pois pode ser que as coisas mudem e eu case

Não precisas de ir para muito longe de mim
Só porque eu não vou me desfazer por ti
Meu coração vai ter novo chip e novo pin
Assim que o actual resolver que quer partir

Assim parece que não te amo, eu sei
Mas a verdade é que me amo mais ainda
Deitada ontem a teu lado no sofá,pensei
O que vai ser de mim se o nosso amor finda?

Pensei em como eu era antes de te conhecer
Lembrei-me daquele primeiro beijo roubado
Da entrega apaixonada sem resistência oferecer
Daquela primeira noite de intenso pecado

Sei que se partires meu navio vai a pique
Vou-me afundar, tocar no fundo do oceano
Mas não vou me ajoelhar e pedir que fiques
Junto a mim por mais alguns dias do ano

Não precisas de facto de tentar correr
Para ver se não te arrasto comigo para o fundo
Hei de sobreviver , nadar, o mar vencer
Construir dia a pós dia, de novo o meu mundo

Por isso, You don’t have to run away, baby
Cause I know how to be by myself, fine
you don't have to be afraid of gray days
because i'll never stop to shine

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Aldeia global

A certa altura do seculo passado, o sociologo canadense Marshall McLuhan resolveu cunhar uma expressao muito peculiar: aldeia global. McLuhan pretendia com esse conceito, explicar as alteracoes sociais que se davam com o advento das novas tecnologias. O canadense no entanto referia-se principal e constantemente aos efeitos da TV. Hoje nos sentinos esses efeitos principalmente por parte dos telefones moveis e da internet.
A principio a novidade causou estranheza a muito boa gente, eu incluo-me neste grupo, claro. Nao por ser boa gente, isso nao me cabe a mim dizer, mas por tambem ter estranhado o novo conceito. Nao conseguia perceber a ligacao entre a palavra aldeia, que na minha limitada cabeca so podia significar um pequeno agrupamento de casas, perdido em algum interior longinquo (andar de carro mais do que duas horas era sinonimo de lugar distante). Logo a questao que se levantava era: como eh que uma coisa tao pequena como uma aldeial, podia ser global? Afinal global vem da palavra globo, nesse caso o nosso, o planeta terra.
Ora, a mim o conceito parecia extremamente paradoxal e eu nao conseguia entende-lo de facto. Para nao parecer muito ignorante entre os amigos, mostrava-me sempre muito conhecedora da materia, “claro que eu sei o que quer dizer, so nao sei explicar de forma simples!” E eles ou acreditavam, ou fingiam muito bem. Com o passar dos anos la fui entendo o conceito. Compreendi que o mundo deixava de ser um planeta grande e passava a ser apenas uma vila, apartir do momento em que se conseguia estar em contacto com pessoas do outro lado do oceano, apenas atendo a uma chamada o clicando em algum tecla do computador.
Noticias que antes podiam demorar anos a chegar ao conhecimento das pessoas, com a invencao, primeiro do radio, depois da televisao e mais tarde da internet, em questao de minutos chegavam a todo o mundo. Eu acredito que nao foram so as inovacoes nas telecomunicacoes levaram a que actualmente esse conceito seja tao valido. Na minha opiniao, a globalizacao comecou muito tempo antes do advento da tv, a globalizacao comecou com a revolucao industrial ainda no seculo XVIII, afinal depois dela o mundo nunca mais foi o mesmo. A mecanizacao dos processos de producao levaram a mudancas a todos os niveis, que vieram culminar nesse novo mundo da nanotecnologia, microbiologia e outras inovacoes cientificas.
E esse discurso todo porque, pergunta-me-ao os leitores. Eh simples, encontro-me neste momento na Gambia, mas antes de ca chegar, ainda tive que passar por Addis Ababa, na Ethiopia e por Bamako, em Mali. Apesar de nos encontrarmos numa aldeia global, ainda nao nos nos conseguimos livrar das escalas... Em Addis Ababa a escala levou cerca de um dia e meio, o que me deu algum tempo para tentar conhecer e perceber a cidade. Num passeio pelas redondezas do hotel, encontrei um bar, desses que o brasileiro chama boteco, com posters de jogadores de futebol a porta.
Nada de estranho? Bem, os jogadores eram o potugues Cristiano Ronaldo e brasileiro Ronaldinho Gaucho. Em Bamako um jovem de largo sorriso em tom marfim, perguntava se alguem queria taxi. Nada de estranho nisso tambem, mas ele tinha vistido uma t-shirt da seleccao de portugal. Tudo isso pode ate ser normal numa aldeia global e nao causar estranhaza a muita gente, mas a mim ainda espanta. No entanto, acho que o meu maior espanto foi encontrar na Gambia pessoas que depois de saberem onde eu vinha me diziam: “oh, Angola? I watch Angolan TV here in the Gambia, Zimbo and TPA. I like your dance, kuduro”. Ora digam-me la se a isso nao se chama globalizacao?


Publicada no NJ122